sábado, 21 de novembro de 2009

Caridade e Amor

Qual seria o melhor sentido das palavras caridade e amor? Segundo o Livro dos Espíritos, caridade é benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições alheias, perdão das ofensas.

Esta semana aconteceu um episódio na minha escola que me deixou muito chocada. Tocou o sinal para o intervalo e desci como de costume com minha amiga Joana. Temos o hábito de chegarmos na sala dos professores e irmos ao banheiro para lavarmos as mãos e aproveitamos para colocar as fofocas em dia. Ao lado do banheiro fica a sala da nossa diretora e do lado de fora um banquinho, onde geralmente sentam as pessoas que precisam conversar com ela, geralmente alunos ou pais.

Fiquei assustada quando vi que uma de nossas alunas estava chorando enlouquecidamente e várias amiguinhas ao redor dela. Falei para a Joana e fomos até a menina para saber o que estava acontecendo. Não conseguíamos que a menina falasse alguma coisa. Ela estava completamente descontrolada, arranhando seu rosto, batendo as mãos no peito, olhos fechados e inchados de tanto chorar.

A princípio pensamos que a menina poderia estar sentindo dor ou alguma coisa parecida. Ficamos ao lado dela e perguntamos as coleguinhas se a escola já havia chamado a família e/ou o resgate. A resposta foi que não haviam encontrado ninguém em casa e que a nossa aluna estava daquele jeito há mais ou menos duas horas e nada havia sido feito.

Eu e Joana ficamos desesperadas, não sabíamos o que fazer. Enquanto ela tentava acalmar a menina, o que era quase impossível, eu fiquei feito barata tonta perguntando a um ou a outro se já haviam ligado para alguém vir buscá-la.

O que mais me chocou foi o que ouvi dos meus colegas de trabalho. De um eu ouvi que, a escola não poderia chamar o resgate, pois todas as vezes que eles vinham socorrer alguém na escola, eles davam broncas nos funcionários. Vi também colegas passando como se nada estivesse acontecendo. Como se a menina e nada fossem a mesma coisa. E de uma pessoa muito querida, eu ouvi que não ia chamar resgate algum, pois a menina estava com chilique, era frescura. Que uma hora estava boa e na outra fazendo aquela palhaçada. Também ouvi: "Se o Resgate chegar na escola e não tiver ninguém para acompanhar a menina, você vai? Porque eu não vou!"

O que mais me entristece é que não foi a primeira vez que vi a minha escola demorar tanto tempo pra servir ao próximo.

Se amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito, por que não o fazemos?

Não quero de forma alguma julgar alguém. Eu também sou ser humano cheio de defeitos e erros. Entendo que não é fácil estar na escola. São tantos problemas, tantas responsabilidades, porém não devemos esquecer que somos humanos. Não custa nada ajudarmos. Essa semana foi o dia da nossa aluna, amanhã pode ser o nosso. Pode ser que precisemos das mãos de alguém. Pensemos nisso.

Caridade é amor, em manifestação incessante e crescente.
É o sol de mil faces, brilhando para todos, e o gênio de mil mãos,
amparando, indistintamente, na obra do bem, onde quer que se encontre,
entre justos e injustos, bons e maus, felizes e infelizes,
porque, onde estiver o Espírito do Senhor aí se derrama a claridade constante dela,
a benefício do mundo inteiro.

(Emmanuel / Francisco Cândido (Chico) Xavier)
Livro "Viajor"




sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Só De Sacanagem


"Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova?" Acredito que para todo o sempre, desde o dia que comecei a trabalhar com educação.

Estou extremamente decepcionada por conta de uma situação que vivenciei hoje com meus alunos da 8ª série do Ensino Fundamental. Trabalhamos com um material na escola pública do Estado de São Paulo que se chama "Caderno do Aluno". Todos nós sabemos que o Caderno está muito longe da realidade dos nossos alunos da escola pública.O de inglês, por exemplo,é dificílimo para o público que temos, porém, eu particularmente estou muito contente com a iniciativa do Governo do Estado de São Paulo em nos fornecer material de qualidade. Críticas à parte, sabemos perfeitamente que nem tudo é perfeito. Todos somos passíveis de erros, inclusive os Cadernos lotados de erros de português e/ou outros. Quero deixar bem claro que não estou defendendo político, muito menos partido algum. Simplesmente fico feliz em ter um material que eu possa seguir e que sei que qualquer outro colega da mesma disciplina que eu, está trabalhando os mesmos conteúdos, ou seja, não estamos mais sozinhos, agora somos um grupo. E outra, o que mais importa também é que agora não preciso mais gastar todo o tempo da minha aula esperando aluno copiar atividade da lousa. Pela primeira vez eles questionam, expressam suas opiniões, entendem gêneros textuais e interpretam os textos em inglês sem precisar recorrer ao dicionário e a tradução ao pé da letra.

Bom, corrigi as atividades de hoje com a minha turminha e uma aluna trouxe o seu Caderno para que eu desse o visto. Estávamos na página 7 e ela para fazer bonito, contou que havia terminado até a última página. Achei estranho! Como assim terminar todos os exercícios de conteúdos que eu nem havia explicado? Percebi que ela não era a única e consegui que eles me falassem de onde estavam saindo todas aquelas respostas. Estou falando de uma turma com muita dificuldade. Não estou menosprezando a capacidade dos meus alunos, mas o nosso material é todinho em inglês, até mesmo as vírgulas. E para completar, todas as respostas estavam idênticas as respostas do Caderno do Professor.

Eu sinceramente não soube como reagir àquela situação quando eles me contaram que encontravam as respostas dos cadernos de todas as disciplinas em uma comunidade do orkut. Procuravam o volume do Caderno, página e número da atividade e obtinham as repostas. Quando cheguei eu casa, fui checar o orkut e fiquei chocada com a quantidade de comunidades com respostas dos Cadernos.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Educação Básica tem como objetivo garantir as crianças e jovens, acesso aos conhecimentos necessários para a integração na sociedade moderna como cidadãos conscientes, responsáveis e participantes. Como vamos ajudar o nosso país a crescer, se temos pessoas de péssimo caráter e sem ética, fazendo esse tipo de papel com aqueles que queremos ajudar a ser gente?

Fiquei indignada, saí da sala de aula bufando e desabafando com os colegas. Fui apoiada por alguns e por outros já cansados de tanta corrupção, sem esperança alguma, ouvi que aqui no nosso Brasil é tudo assim mesmo. Por que estaria assustada?

Não quero deixar isso somente como um desabafo qualquer e muito menos posso aceitar que as coisas no meu país não funcionam. Eu preciso fazer alguma coisa. E pensei que, nada melhor do que começar com eles, os meus queridos alunos. Dei um tempo nas atividades relacionadas a minha disciplina e resolvi trabalhar ética, o que é ser certo e o que é errado, responsabilidade, deveres, etc. Pode ser que eles não aprendam o verbo to be, mas tenho certeza que conseguirei atingir um grande número de adolescentes em formação a saber distinguir o certo do errado, e isso já me basta.

Pois é, deixo aqui o meu protesto com esse desabafo maravilhoso de Elisa Lucinda. Assim como Elisa, minha esperança é imortal.

SÓ DE SACANAGEM - Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau."

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!






quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Professores do Brasil

Sabemos que muitas são as dificuldades e dores da profissão que escolhemos, portanto é demasiadamente gratificante o que ganhamos em troca, pois não existe dinheiro no mundo que possa pagar: Ver o ser humano crescer como gente.

Em homenagem ao nosso dia, escolhi a música Amanhã do Guilherme Arantes. Quero muito poder acreditar que amanhã o dia será lindo e que tudo possa dar certo.

Parabéns para todos nós!

Amanhã!
Será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar
Amanhã!
Redobrada a força
Prá cima que não cessa
Há de vingar
Amanhã!
Mais nenhum mistério
Acima do ilusório
O astro rei vai brilhar
Amanhã!
A luminosidade
Alheia a qualquer vontade
Há de imperar!
Há de imperar!

Amanhã!
Está toda a esperança
Por menor que pareça
Existe e é prá vicejar
Amanhã!
Apesar de hoje
Será a estrada que surge
Prá se trilhar
Amanhã!
Mesmo que uns não queiram
Será de outros que esperam
Ver o dia raiar
Amanhã!
Ódios aplacados
Temores abrandados
Será pleno!
Será pleno!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Dia Do Professor - Blogagem Coletiva


Clique sobre a imagem para se inteirar acerca dos procedimentos para participar.

domingo, 4 de outubro de 2009

O professor está sempre errado



Recebi essa mensagem da minha querida amiga de infância, professora Drica.

O professor está sempre errado - Jô Soares
O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a
ele!

domingo, 27 de setembro de 2009

Blog Amigo da Educação


Ganhei esse selinho da querida Viviane Patrice do Viver e Educar com Arte http://vivianepatrice.blogspot.com/. Vale a pena conferir. Obrigada Vivi.

Momentos

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. Paulo Freire



Betânia e Eu no Halloween do Zilah em 2008

Colegas queridos de trabalho no Zilah em 2008

Com a 8ª série do Luce em 2006

Halloween no Zilah em 2008

Bolinho para os professores no Zilah em 2008

Planet Idiomas em 2006

Com a turma da Infraero em 2009

Skill em 2007

Com minha amiga Fabiana na Escola Peter Pan em Vila Velha - ES em 1996

No EE Zilah em 2007

Luce 2006


EE Elmano Ferreira Veloso em 2006

sábado, 26 de setembro de 2009

Realidade nua e crua

Me deixa extremamente triste saber que somos vistos assim.

Selinhos

Olá pessoal! Esses dois selinhos são presentinhos da minha querida Géssica do Projetos e idéias . Kokadinha rsrs agora que entendi esse lance de selinhos. Obrigada, coração.

Presenteio esses blogs que são nota 10



Regulamento: 1) Indicar 10 blogs que mexem com o seu sentido

http://sabidinhosdaioio.blogspot.com/

http://nossosprojetoseideias.blogspot.com/









2) Diga 5 coisas que mexem com seu sentido neste momento

1- meus filhos
2- meu amor
3- meus queridos alunos
4- meu blog (estou adorando poder colocar tudo que sinto enquanto professora e ser humano aqui)
5- minha cadelinha linda

3) Linkar quem te deu o selo e exibir no blog.

Ganhei o selinho da Géssica do http://nossosprojetoseideias.blogspot.com/


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Inversão de papéis


O que é a escola? Qual é o seu papel perante a sociedade? Educar. Educar no sentido de preparar os nossos jovens para a vida, seja ela profissional ou social. A escola tem o papel não somente de transmissão de conhecimentos como também desenvolvimento de capacidades cognitivas, afetivas, relacionamento dentro da sociedade, ou seja, a escola participa ativamente na formação da identidade individual de cada um, ampliando conceitos transmitidos pela família. E qual o papel dos pais? Educar. Cabe aos pais proporcionar aos filhos a educação dentro do contexto familiar, transmitindo-lhes conceitos e valores. Infelizmente o que vemos nas escola é uma inversão de papéis. Os pais atribuem aos educadores a educação total dos seus filhos. É muita responsabilidade para um profissional só. Passei por dois momentos que me chocaram esta semana. Um deles foi uma mãe que foi na nossa escola falar sobre a filha. Queixou-se do seu péssimo comportamento em casa, contou todos os problemas que está enfrentando com os filhos, falou dos problemas de depressão do seu marido para poder chegar no que realmente a atormentava: sua filha, nossa aluna, do 2º ano do Ensino Médio. Conclusão: reclamações total acerca da filha. Atitudes e comportamentos que deixam a desejar dentro da sua própria casa. E eu me pergunto: O que nós temos com isso? Já tenho tantos problemas com meu filho caçula que, com apenas 7 anos, também me dá trabalho na escola. Levo o menino todas as semanas na psicopedagoga, passo todas as tardes lendo e fazendo atividades com ele e no meu papel como mãe, bolo mil maneiras de impor-lhe limites. Mesmo assim, me senti na obrigação de tentar ajudar de alguma forma aquela mãe. Lembro das palavras da minha colega de trabalho: "Eu não tenho nada com isso, cada um com seus problemas, coloca a menina pra trabalhar que resolve. Que mãe besta!". Pois é, seria muito fácil pensar assim, é fácil quando ainda não se é mãe. Minha colega não está errada, mas ainda acredito que possamos fazer alguma coisa. Um grande amigo meu, em uma de suas maravilhosas palestras, nos disse: "Devemos prestar mais atenção no que viemos fazer aqui. Professores, políticos, artistas, todos esses profissionais tem o dom da palavra e devemos usá-la para o bem." E assim eu fiz e faço. Elevo os meus pensamentos e peço ajuda para que saia da minha boca palavras que façam a diferença. Está tudo muito misturado nesse mundo! Até eu fico confusa com essa inversão de papéis, mas foi essa a profissão que escolhi, ou melhor, que foi escolhida pra mim, portanto, vamos lá. Força na peruca rsrs e mãos a obra. Ê coisinha difícil!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Rubem Alves


" O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos."


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Carl Rogers


"Os educadores precisam compreender que ajudar as pessoas a se tornarem pessoas é muito mais importante do que ajudá-las a tornarem-se matemáticas, poliglotas ou coisa que o valha."

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Butterflies


Acredito que inúmeras são as dores e dificuldades da nossa profissão, mas a dor maior que eu já senti durante esses quase 20 anos como professora, foi a dor da perda de pessoas queridas. Embora acredite que a morte seja apenas física, mesmo sabendo que estamos aqui de passagem, que a vida terrena não passa de uma escola, e que sempre chega a hora de voltarmos a pátria espiritual, pois aqui não é o nosso verdadeiro lar, eu ainda tenho algumas dificuldades para aceitar a morte. A primeira vez que lidei com a morte na escola, foi há bastante tempo atrás, logo no comecinho da minha carreira. Tarcísio era um menino muito levado, desses que nenhum professor aguenta. Estava na 6ª série, aprontava todas, não sossegava um segundo. Era aquele tipo de menino que nenhum professor esquece, de tão terrível que era. Numa sexta-feria, ele se despediu da gente. No final do período, ele simplesmente encheu os professores de bala e gritava no portão da escola: "Tchau gente! Adoro vocês!." E ele não voltou mais. O pequeno Tarcísio morreu em um acidente de carro. Lembro que eu não soube lidar com aquela notícia. "Como assim? Um aluno meu morto? Uma criança?." Foi uma confusão na escola. Tristeza geral com a ausência do Tarcísio. Tudo na escola me fazia lembrar do menino. A carteira onde ele sentava, os irmãos que ainda estudavam na escola, os amiguinhos, o seu jeito moleque de ser. Eu me perguntava: "O que eu poderia ter feito por ele?" Não tinha mais jeito, ele já havia partido. Bom, passaram-se os anos e estava tudo quase normal, quando de repente... Desta vez foi a linda Lívia. Lívia estudava na mesma sala do Tarcísio, só que agora ela estava na oitava série. Era uma menina doce, educada e marcou demais na minha vida. Me escrevia bilhetinhos, me tirou no amigo secreto e eu a tirei também. Lívia voltava de uma balada com os amiguinhos e seu carro bateu em uma árvore e pegou fogo. Ela não conseguiu se salvar, pois usava o cinto de segurança. Lívia morreu queimada. Eu fiquei questionando sobre a vida, sobre porque estávamos aqui. Como pode um menina tão linda e doce com apenas 14 anos, morrer desse jeito? Toda destruída? Não sei, só sei que pensei sinceramente que não fosse passar por isso novamente, mas aconteceu mais uma vez. Dessa vez, foi um menino doce, mas ao mesmo tempo, sabe aqueles alunos que nem abrem o caderno? Leandro era assim. Não fazia nada. Mas o que me incomodava era que ele andava muito calado, muito triste. Foi o ano inteiro assim e aquilo me intrigava demais. Todas as semanas quando eu ia para a sala dele, gostava de chegar perto dele e perguntar se estava bem, se queria conversar, o que o entristecia. Ele nada dizia, só a tristeza tomava conta do seu semblante. Até que, uma semana antes das aulas terminarem, em Dezembro de 2008, eu vi Leandro feliz como nunca o vira antes. Não esqueço o seu sorriso largo vindo até mim só para contar que estava namorando. Ele havia pedido em namoro uma fofinha da outra 8ª série. Veio me mostrar a aliança na mão e disse que havia feito o pedido para o pai da Carol. Lembro que eu disse pra ele: "Ahhhhhhhhhhh!!!! Que lindo!!!!!!!!!!!!! Cuida dela direitinho e namora direitinho porque ela é uma fofa, tá?" Ele só sabia sorrir. É a última lembrança que eu tenho dele. Algumas semanas mais tarde, estávamos na reunião de balanço de final de ano, quando veio a notícia da morte do Leandro. Eu não acreditei! Como pode? Ele passou o ano inteiro triste e agora que estava feliz ele se foi? A vida é mesmo um mistério. Ainda penso muito nele e sempre em minhas orações tenho o Leandro em minha mente, não só ele, mas também sua irmã Maria, uma fofa de menina. Resolvi postar esta mensagem em homenagem aos meus queridos que estarão pra sempre no meu coração. Não quero acreditar que eles se foram, mas prefiro pensar que eles somente saíram do casulo. São como as borboletas.

Que esse trecho da música "Someone saved my life tonight" de Elton John, seja uma homenagem as minhas queridas butterflies.

"You're a butterfly,
And butterflies are free to fly,
Fly away, high away bye bye."

domingo, 13 de setembro de 2009

Vida


Presente da nossa querida coordenadora e amiga Daniela aos professores da Escola Zilah Ferreira, onde eu trabalho. Mensagem maravilhosa aquecendo os corações do corpo docente da nossa escola. Vamos começar a olhar as pessoas mais profundamente, afinal de contas somos todos iguais. Como educadores, comecemos pelos nossos queridos alunos e quem sabe devagar, sem pressa, consigamos mudar um pouquinho o mundo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mas o que é a escola


Gostei muito deste texto de Gabriel Perissé e resolvi compartilhar aqui no blog.

A escola não é ilha isolada no oceano social. Não é lugar para guardar crianças, ou reformá-las, embora possa ajudar, orientar e até alimentar. A escola não é paraíso na terra. Nem o inferno entre nós. Nem o purgatório. A escola não está aí por acaso

Dizia-me uma professora nordestina, com muita experiência de vida e muito conhecimento da realidade: “A escola salvará a sociedade se a sociedade salvar a escola”.

Os professores, na escola, não são mágicos, não são heróis (embora heroísmo não falte a muitos deles), não são gênios (muito menos da lâmpada...), não são mercenários, não são santos, não são famosos, não são poucos, não são suficientes, não são muitos, não são o que pensamos que são.

Os professores são pessoas cuja profissão é ajudar na humanização de outras pessoas, os alunos. E que, por isso, devem ser tratados não como funcionários apenas, ou técnicos, ou “aplicadores” de conteúdos apostilados. Devem ser compreendidos e tratados como seres humanos livres, críticos e criativos. Como profissionais que ocupam um lugar único na vida social, profissionais de quem muito se espera.

Cabe aos professores avaliarem os alunos. Avaliação não é punição. Não é acusação. Não é vingança. Não é fatalismo. Não é perseguição. Não é condescendência, tampouco. Tampouco é um fechar os olhos para lacunas e preguiças.

Cabe aos pais acompanharem os filhos. Conversar com os filhos sobre a escola. Conversar com a escola sobre os filhos. Conversarem pai e mãe entre si sobre a escola que os filhos freqüentam. Seja escola pública ou privada.

Cabe aos alunos entenderem a escola. Cuidarem dela. Defendê-la. A escola não é apenas um espaço físico. A escola não é ponto de tráfico de drogas.

A escola não é a sede do tédio. A escola não é escola de samba. Não é apenas lugar de encontro. Mas o que é a escola mesmo?

A escola não é uma idéia vaga. Não é um lugar onde haja ou não vagas. A escola não é vagão de trem onde entramos e do qual saímos quando chega a próxima estação.

A escola não é a sua quadra de esportes (abandonada ou ampliada), não é um conjunto de salas de aula (sufocantes ou arejadas), não são suas paredes (sujas ou limpas), janelas (abertas ou fechadas), portas (com cadeados ou não), armários (vazios ou cheios), escadas (perigosas ou seguras), computadores (novos ou obsoletos), bibliotecas (reais ou fictícias).

A escola não é o que vemos.

A escola não é arquivo morto. A escola não é cabide de empregos. Não é moeda de troca política. Não é campo de batalha. Não é um curso de idiomas. Não é empresa competitiva. A escola não é clube, não é feira, não é igreja, não é partido.

Mas então o que é a escola? E sabe a escola nos dizer o que ela é, a que veio, para que existe? Alguém sabe?

A escola é um problema insolúvel.
A escola é uma probabilidade.
A escola é uma experiência.
A escola é uma esperança.



Assim é o meu País

Vivemos em um país simplesmente maravilhoso. Não temos vulcões, furacões, guerras. Podemos ouvir de pessoas do mundo inteiro do quanto somos amigos e hospitaleiros. Vivemos no melhor país do mundo e para completar: Deus também é brasileiro! São vários fatores ao nosso favor, mas e como anda a educação? Ah! A educação? Por que deveríamos nos preocupar com isso? Se dermos comida para encher a barriga do povo já está bom, não acham? Estudar pra que? Pra aprender a pensar? Não, o nosso povo não pode aprender a pensar. Imagina se todos pensassem! Infelizmente é assim que somos vistos por muitos dos grandes que nos governam. Só depois de certo tempo que percebi que esse povo que não pensa é a maioria em nosso país. E nós professores? O que estamos fazendo se "somos" aqueles que abrimos a mente do povo e o ajudamos a crescer? É tão difícil exercer esse papel. São tantas tentativas para tentar mudar o pensamento dos nossos alunos e são tantas também as nossas frustrações. Ao mesmo tempo que me emociono com a profissão que escolhi, principalmente quando vejo aquelas crianças se transformando em adultos críticos e que sabem o que querem, fico também arrasada quando percebo ainda na sala de aula, que não consegui em uma turma inteirinha, atingir o objetivo. Não é fácil ser professor na escola pública. Falamos que nossos alunos são todos iguais, não importa de que classe social, e isso é verdade, afinal de contas, todos são adolescentes em fase de transição. Família? Não importa se a criança é rica ou pobre, todos, sem exceções tem problemas. A única diferença que eu sinto, por ter vivido esses dois extremos, é que infelizmente, os nossos alunos, quase em sua totalidade, ainda não sabem o que vieram fazer na escola. E é nesse momento, que em nossos momentos de desabafo, falamos uns para os outros: Fulano não tem jeito mesmo, não tem futuro, pobre coitado! Você já conheceu os pais de fulaninho? O filho é igual! O que podemos esperar dele? Ah! Aquela sala é insuportável, não consigo trabalhar! Essa fala não é só minha, são desabafos meus e de meus colegas. E agora? De quem é a culpa? Da própria criança, que não quer saber de nada? Dos pais, que não dão apoio para o filho? Ou a culpa é mesmo do professor, que não tem domínio de sala e por causa disso não consegue ensinar? Acredito que nenhum de nós somos culpados e sim vítimas. Falamos de boca cheia que o nosso país é o melhor país do mundo, mas diante de tantas dores com a nossa profissão, o que devemos dizer? Ah! Já sei: SOMOS BRASILEIROS E NÃO DESISTIMOS NUNCA!

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Life's for sharing!

Oi Vi! Vai aí a minha primeira contribuição no blog...eu amei esse video e acho que vc vai gostar também!!!! Beijosss


Embora, seja um comercial para vender celular, são 13500 pessoas na Trafalgar Square, em Londres, cantando "Hey Jude".

Enquanto, professores somos sim muito sonhadores, e mesmo cansados e muitas vezes desmotivados, nunca devemos perder a esperança e acreditar que o mundo pode sim ser um lugar melhor para se viver!!!

sábado, 22 de agosto de 2009

Tia Cristina





Lembro como se fosse hoje. Ela, tão linda, parecia a Cristina Mullins da primeira versão da novela Paraíso. Chegava com sua bolsa de palha toda enfeitada e dentro podíamos ver todos os seus diários muito bem cuidados e encapados. Poderia falar de inúmeros e maravilhosos professores que tive durante toda a minha vida. Todos tem seu lugar cativo no meu coração, mas sinto uma grande necessidade de falar da minha querida e amada e saudosa "Tia Cristina". A minha maior felicidade foi poder ter Tia Cristina não somente como professora mas também uma grande amiga. Estava com 9 ou 10 anos de idade quando tive a honra de tê-la como minha professora pela primeira vez. Tia Cristina tinha todas as qualidades que procuramos encontrar em um professor. Primeiro que ela era linda rs Tinha uma luz que irradiava os nossos corações. Segundo, que ela tinha letra de professora rs Durante anos eu tentei imitar a letra da Tia Cristina. E terceiro que, embora ela fosse professora e sempre tivesse que manter a ordem na sala de aula, ela era extremamente carinhosa conosco. Com Tia Cristina aprendi como usar s, ss, z, x ... Enfim, foi com ela que aprendi as regras da Língua Portuguesa. A minha felicidade foi tão grande naquele ano de 1900 e bolinhas que resolvi, no final do ano, fazer um cartãozinho de Natal para a Tia. Lembro que desenhei um sino num pedaço de cartolina e coloquei muitas purpurinas e escrevi. "Tia Cristina. Que a paz de Jesus esteja sempre com você. Um beijo da sua aluninha que te ama. Viviane" Passei um ano sem ter aulas com ela e quando fui para a quinta série, qual foi minha surpresa quando descobri que ela seria nossa professora novamente, e durante mais quatro anos tive a eterna Tia Cristina ao meu lado. Anos mais tarde e estava no segundo ano do Ensino Médio e não tinha mais aulas com Tia Cristina, mas ela, organizando como sempre as festas da Rainha da Primavera da escola, me convidou para desfilar, e o mais engraçado é que durante anos, ela sempre ensaiava as meninas do mesmo jeitinho... só foi a Viviane entrar desfilando com seu jeito meninote que Tia Cristina decidiu mudar e pediu para as meninas: façam como a Viviane rsrsrs No ano seguinte em 1997 eu e mais 9 colegas fomos convidadas por Tia Cristina, para que no dia do desfile da Rainha da Primavera, fizéssemos um desfile de moda, a fim de incrementar a festa que já era tão esperada no Colégio Almirante Barroso, na cidade de São Pedro D'Aldeia, no Rio de Janeiro, lá onde eu cresci, onde o Judas perdeu as botas, ou, onde o vento faz a curva rsrs O noivo de Tia Cristina trouxe uma modelo do Rio para nos ensinar a desfilar, íamos de loja em loja na cidade de Cabo Frio provando roupas e acessórios e vivíamos na casa da Tia Cristina nos fins de semana. Tia Cristina morava em uma casa de fazenda, onde ainda tinha alguns cavalos, porquinhos, etc. Lembro que ela me chamou no cantinho e me levou até o seu quarto. Andamos naquele corredor comprido de tábua corrida e eu lembro ainda do barulho que meus sapatos faziam e Tia Cristina disse baixinho:"- Engraçado, que você ainda me chama de Tia, não é Viviane?" E eu disse: "- Pois é, só assim que consigo te chamar". E ela pegou um bauzinho e perguntou se eu lembrava do cartão que eu havia feito pra ela quando tinha 10 anos de idade e disse que ainda o tinha e estava guardadinho. Aquilo me emocionou demais! Naquele época eu tinha 17 ou 18 anos, não me lembro muito bem, mas já era uma moça. Os anos se passaram e eu nunca deixei de lembrar da minha Tia querida! Há 3 ou 2 anos atrás, eu comecei a pensar forte nela e resolvi perguntar para uma amiga de infância se sabia da Tia Cristina, e ela me disse que ela estava nos seus últimos dias com cancêr no hospital. Dois dias após a nossa conversa, a Tia Cristina faleceu. Resolvi falar hoje da Tia Cristina porque, na noite passada eu sonhei com ela. É comum eu sonhar com pessoas desencarnadas, mesmo quando não são da minha família. Tia Cristina, estava linda como sempre foi. Estava em uma sala de aula pequena mas muito, muito simples. Ela sentava na cadeira do professor e eu sentava na primeira carteira na sua frente. Só estavámos eu e ela, e ela dizia: "-Estou muito, muito feliz porque você seguiu a mesma carreira que eu. É uma professora!" e eu dizia: "- Desejo muito poder ser para meus alunos o que você foi e ainda é para mim". E eu acordei. Não entendi o porque do sonho no momento que eu acordei. Passei o dia inteiro pensando, e agora as 2 e 30 da manhã de domingo eu resolvi contar um pouquinho dessa passagem na minha vida e mesmo sabendo ser impossível mudar o mundo, acredito que possa ser em um futuro próximo, exemplo para os meus alunos.

"... Não precisava não acenar. Muita felicidade é um rio que vai. O rio que vai, o rio que vai me levar, não passa na sua cidade. O paraíso, o paraíso começa, é só começar um sorriso..."


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Paraqueda

Sempre fui uma aluna muito dedicada durante toda a minha infância e adolescência. Cresci numa época em que o país era governado por militares e para completar meu pai também era militar. A escola que eu estudava era dentro de uma vila militar e quase todos os meus professores, se não eram militares, eram filhos ou irmãos ou qualquer outra coisa de militar. Eu sinceramente não sabia como era o mundo fora da Marinha. Em 1985, estava eu no auge da minha adolescência e tudo no país mudava. Eu não entendia nada. Pra mim era super "normal" ter aulas de Educação Moral e Cívica, hasteamento da Bandeira todas as manhãs na escola, decorar todos os hinos, inclusive o Cisne Branco da Marinha rs. Bom, eu cresci assim e não morri por causa disso. Estudei a vida inteira em escola particular e com muita disciplina. E não foi diferente quando eu comecei a lecionar. A escola particular era um ambiente que eu já conhecia. A única diferença era que agora, por volta de 1990, tínhamos liberdade para mudarmos muitas coisas no ensino. O ensino modificara, o aluno agora poderia abrir a boca, falar, dar sua própria opinião, construir, aprender a aprender. E eu aprendi a ser professora junto com essa mudança na educação, ou seja, eu "nasci" construtivista. Foram horas e horas de estudos nas escolas. Eu era somente a tia de inglês, mas sentava com as minhas colegas e estudavamos horas a fio... Eu achava um barato não precisar seguir o modelo de vários professores de inglês que tive na escola, não tenho nada contra eles, aliás os considero muito, pois através deles pude decidir o tipo de teacher que eu não gostaria de ser. Não queria ensinar o verbo be só por ensinar e sem nenhuma função. Gostaria que eles soubessem em que situações usá-lo, que o praticassem e não somente passassem as frases de afirmativas para interrogativas e negativas. Que coisa mais chata! E me fiz teacher assim. As aulas eram cheias de graça... Eram papéis pra tudo quanto é lado, eram alunos andando pra lá e pra cá fazendo perguntinhas para os colegas, era uma loucura muito maravilhosa ver aquelas crianças todas falando inglês pra lá e pra cá. Eu me sentia realizada. E durante muitos anos eu estive assim, entre escolas particulares e cursos de idiomas, inventando moda. Até que na faculdade, algumas amigas comentavam sobre o concurso para lecionar em escolas públicas e me perguntaram se eu não ia fazê-lo. E eu, como sempre, com respostas na ponta da língua, disse: NEM PENSAR! Mas elas encheram a minha paciência e falavam que era uma segurança bla bla bla bla bla bla bla bla e eu resolvi fazer minha inscrição. Fiz a prova por fazer e passei rs. A primeira vez que tinha estado em uma escola pública foi para fazer estágio. "Nossa!!!" "Que coisa horrorosa!" "Eu nunca que vou dar aulas numa escola dessas!" - Eu pensei. Mas, como diz o velho ditado: "Não cospe pra cima porque cai na testa". Dois anos depois, estava eu de paraquedas na escola pública. No primeiro dia do planejamento fui recebida com muito carinho e fiz grandes amizades por lá. Mas já naquele primeiro momento eu ouvia: "Olha, aqui é diferente", "Ah! É só saber lidar com eles", "Ih! Não tenta fazer o que costuma fazer não porque aqui não dá certo"... Seguimos o nosso planejamento e preparei uma atividade super, hiper, mega, blaster legal. E eu achando que ia modificar o mundo rsrsrs. E no primeiro dia de aula, lá estava eu com uma turma de 6ª série com mais ou menos 45 alunos. Uma loucura! E eu ainda tentei fazer o que eu havia planejado, mas infelizmente não deu certo. Eles não estavam acostumados a esse tipo de aula. Eles só queriam mesmo era copiar. E minha experiência durante todo o ano letivo nessa escola não foi diferente. Cada dia eu tinha uma surpresa diferente. Foram muitos apagadores jogados pela janela, pedacinhos de papel nos meus cabelos, guerras de maçã na lousa. Tudo, tudo, tudo dava errado. Confesso que por muitas vezes tive ódio daquelas crianças. Pedia perdão a mim mesma por todas as vezes que não conseguia sentir amor por elas. Percebi que não era mais professora naquela escola. Era qualquer outra coisa, ou qualquer caca de coisa, menos professora. Comecei a observar aqueles alunos. Eles eram sujos, mal vestidos. No frio usavam sandálias e não tinham agasalhos. Eles eram muito pobres. E eu que achava que a pobreza existia somente nas novelas da televisão... Eu estava ali frente a frente com ela. Aquelas crianças eram revoltadas. Algo acontecia com eles e eu não sabia o que era. Comecei a observá-las com mais detalhes e questioná-las mais sobre suas vidas. Muitos delas tinham pai ou mãe presos, irmãos mortos, doentes, etc etc. A partir desse momento eu agradecia a Deus por tudo que eu tinha, por tudo que eu era, pelo estudo que tive oportunidade de ter, pela minha vida. Foi um ano muito difícil. Eu não vou esquecer nunca aqueles rostinhos tristes, aqueles corpinhos sujos, aqueles olhinhos carentes. Eu não aguentei e pedi remoção daquela escola, mas ainda tenho amigos por lá e os admiro muito porque perseveram. Eu tive um ano de muito aprendizado, mais pessoal do que profissional. Só no final do ano que consigo enxergar os propósitos de tudo que acontece na minha vida. O ano de 2006 foi realmente um ano muito difícil mas também o ano do nascimento de uma nova professora. As dores da nossa profissão são muito grandes, porém são com elas que aprendemos a ser um pouquinho melhor.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Escola - Paulo Freire

"Escola é...


o lugar onde se faz amigos

não se trata só de prédios, salas, quadros,

programas, horários, conceitos...

Escola é, sobretudo, gente,

gente que
trabalha, que estuda,

que se alegra, se conhece, se estima.

O diretor é gente,

O coordenador é gente, o professor é gente,

o aluno é gente,

cada funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor

na medida em que cada um

se comporte como colega, amigo, irmão.

Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.

Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir

que não tem amizade a ninguém

nada de ser como o tijolo que forma a parede,

indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,

é também criar laços de amizade,

é criar ambiente de camaradagem,

é conviver, é se ‘amarrar nela’!

Ora , é lógico...

numa escola assim vai ser fácil

estudar, trabalhar, crescer,

fazer amigos, educar-se,


ser feliz."


Ao Mestre Com Carinho


Those school girl days
of telling tales
and biting nails are gone
But in my mind
I know they will still live on and on
But how do you thank someone
who has taken you from crayons to perfume
It isn't easy, but I'll try

If you wanted the sky I'd write across the sky in letters
that would soar a thousand feet high
To Sir, with love

The time has come
for closing books
and long last looks must end
And as I leave
I know that I am leaving my best friend
A friend who taught me right from wrong
and weak from strong
that's a lot to learn
What, what can I give you in return?

If you wanted the moon I'd try to make a start
but I would rather you let me give my heart
To Sir, with love